Panorama do mercado
Vinhos com preços “pé no chão” ganham mercado no país, no ano em que pechinchar é a ordem
Com a economia andando para trás nos últimos meses e ameaçando acentuar a queda das atividades nos próximos, não estranha que as importações de vinho tenham sofrido retração. Segundo dados divulgados pela International Consulting, empresa brasileira especializada no tema, a entrada de vinhos no país no primeiro semestre diminuiu em volume cerca de 2% quando comparada ao mesmo período de 2014.
Mesmo com esse começo amargo, o relatório traz uma boa notícia para os mortais. O valor médio dos vinhos que aqui aportaram em 2015 sofreu uma queda ainda mais significativa: perto de 12%. Sinal de que o Brasil está talvez importando menos ícones (que, aliás, nem sempre compensam) e aumentando a compra de vinhos com preços mais “pé no chão”, em maior sintonia com os tempos atuais, com o perfil da maioria dos que aparecem habitualmente nesta coluna.
Os de hoje incluem um novo espumante nacional e um tinto francês imperdível.
Itália
Torrevento
Empresa da Puglia, no sul da Itália, tem sua cantina (rodeada por 57 hectares de vinhas) na região demarcada de Castel del Monte, no norte da província. Dela saem exemplares bem talhados, agradáveis, à base de cepas autóctones.
Pezzapiana 2013 – Branco, corte de uvas Bombino Bianco (70%) e Pampanuto. Combina frutas brancas (como a pera) com pinceladas florais que lembram lavanda em um paladar equilibrado e de boa persistência (avaliação: 88 pontos em 100, R$ 58).
Bolonero 2012 –Nero di Troia (70%) e Aglianico são as variedades que moldam esse rubro elaborado, como o anterior, sem contato com madeira. Ameixas-pretas e tons de especiaria aparecem no aroma e no sabor. Tem taninos firmes e final levemente adocicado (88/100, R$ 58). Ambos a venda em La Pastina.
Tenuta di Gracciano
A propriedade encravada na região de Montepulciano, no sudeste da Toscana, pertence à família Della Setta desde o século XIX. Giorgio Della Setta, atualmente no comando da casa, apresentou recentemente seus goles em São Paulo.
Vino Nobile di Montepulciano 2009 – À base de Sangiovese (90%), mesclado com Merlot (e uma pitada de Trebbiano). Rico, com bom corpo e bem estruturado, mistura geleias, frutas vermelhas e suaves tons tostados e balsâmicos num paladar sedoso e persistente (91/100, R$ 231 a garrafa magnum de 1,5 litro). Casa Europa.
Portugal
Caves São João
Tradicional produtor da Bairrada com marcas idem no firmamento luso, como Frei João e Porta dos Cavaleiros (esta de goles do Dão), surpreendeu com um branco nada tradicional, bem moderno.
Frei João 2013 – Cepas nativas (Bical e Maria Gomes) e francesas (Chardonnay) entram na fórmula deste branco elaborado sem passagem por madeira. Fruta (pêssego, maçã) e um suave toque cítrico e de camomila dominam um paladar longo, com bela acidez (89/100, R$ 65,56). Vinci.
Brasil
Vallontano
A adega gaúcha de Vale dos Vinhedos, que tem um sólido portfólio tanto na ala de goles tranquilos como na dos borbulhantes, lançou um novo espumante.
Talise – Uvas Riesling Itálico (40%) combinadas com partes iguais de Pinot Noir e Chardonnay deram vida a este Brut vivaz e com bolhas finas, dominado pela fruta e tons florais (87/100, R$ 40,50, Vinci).
França
Masson-Dubois
A marca integra o portfólio do Cortón André, um grupo com vinhedos e rótulos que vão da Borgonha, no centro leste do país, ao Rhône, no sul, canto do qual saem alguns de seus mais atraentes exemplares.
Bouches du Rhône 2013 – Bouches du Rhône é a área do sudeste gaulês que rodeia a cidade de Marselha, na costa do Mediterrâneo. Oriundo de uvas Grenache, Syrah e Cinsault, clássicas daquelas bandas, é um rubro fácil de beber, intenso, redondo e muito frutado, prazeroso no copo e no bolso. Para comprar por caixa (88/100, R$ 39,40). Casa Flora.