PARA RECHEAR A ADEGA
Em supermercados, direto com os produtores ou pelo comércio eletrônico, um grande leque de novidades
Goles do Novo e do Velho Mundo dividem o painel de hoje. Alguns deles, vale mencionar, foram pinçados nas prateleiras de alguns supermercados. Não é a primeira vez que aparecem na coluna exemplares que habitam as gôndolas brasileiras e provavelmente não será a última. O motivo é simples. Seja pela aparição de marcas próprias, seja pela importação direta de rótulos criados por empresas respeitadas para as grandes redes, seja pela venda de etiquetas trazidas por terceiros, tem crescido nos supermercados a oferta de vinhos com boa performance para o preço, pelo que é bom ficar de olho neles.
Há também lançamentos. Entre eles dois espumantes nacionais de uma renomada vinícola gaúcha e um champanhe assinado por uma maison que retorna ao mercado nacional em parceria com uma empresa de comércio eletrônico, outra das novas fontes de vinhos com preços mais razoáveis dos que ainda, infelizmente, abundam no mercado.
Chile
Miguel Torres (Curicó)
A tradicional casa da Catalunha, dona de ícones espanhóis como o Mas La Plana, um tremendo Cabernet que há várias décadas integra o time dos grandes rubros ibéricos, fincou pé no Chile em 1979. Lá, ganhou reconhecimento por seus vinhos e é lembrada e admirada até hoje por ter sido pioneira na região (e no país) tanto no uso de moderna tecnologia para vinificação como de barricas de carvalho para o amadurecimento de vinhos. Tal como na Espanha, a Torres tem no país andino um portfólio de qualidade consistente. Exemplo disso são estes dois exemplares básicos, um (raro) branco seco de uva Moscatel e um Carménère.
Alto las Nieves Carménère 2014 – Tinto de corpo médio, com taninos finos e um conteúdo de fruta difícil de encontrar em um Carménère de entrada. Mescla compota de ameixas pretas, toques de especiaria e suave chocolate em um paladar redondo e com boa acidez (avaliação: 87 pontos em 100, R$ 39,90).
Alto las Nieves Reserva Moscatel 2015 – Os cachos que lhe deram vida nasceram em Itata, extremo sul do Chile, uma das novas fronteiras vitícolas do país. Complexo, combina elementos cítricos, florais (laranjeira, rosa) e minerais no aroma e no sabor. Persistente, tem acidez marcante e perfil vivaz e agradável em boca. (90/100, R$ 56,90). Ambos à venda no Pão de Açúcar. paodeacucar.com
Casas del Toqui (Cachapoal)
A vinícola, jovem para o panorama chileno, foi criada em 1994 pelos proprietários do Château Larose Trintaudon, tradicional produtor de Bordeaux. Agora em mãos de uma família chilena, tem um forte catálogo de tintos e brancos que inclui bons Sauvignon Blanc, ao qual se agregou recentemente um exemplar oriundo de Paredones, área em desenvolvimento no oeste de Colchagua, 180 quilômetros ao sul de Santiago e próxima do mar.
Terroir Selection Coastal Mist Sauvignon Blanc 2015 – Frutas tropicais, mel, tons verdes (aspargo e pimentão) e cítricos marcam esse branco amplo, saboroso e denso em boca, com boa acidez e final muito persistente (91/100, R$ 79,77). Importado por Bodegas de Los Andes, à venda no Emporium São Paulo. emporiumsaopaulo.com.br
França
Nicolas Feuillatte (Champagne)
Pertence a um conjunto de cooperativas das principais áreas vitícolas da região de Champagne. Elas reúnem cerca de 5.000 viticultores e 2.200 hectares de vinhas. O mosto que surge de suas instalações é vinificado na adega que a Feuillatte mantém perto de Epernay, no coração da região. Dela surgem cerca de 11 milhões de garrafas de Champagne por ano, o que torna a empresa a terceira em volume do país. Em seu terceiro desembarque no Brasil, a Feuillatte apresentou o Champagne de entrada, um brut sem indicação de safra.
Nicolas Feuillatte Brut –Corte das principais cepas da Champagne, Pinot Meunier, Pinot Noir e Chardonnay que amadureceram dois anos com as leveduras antes de ser finalizado. Toques de pão fresco, tênues avelãs e frutas brancas dominam um paladar com bolhas abundantes. Boa pedida para provar as borbulhas daquele divino canto gaulês, a um preço mais acessível ao bolso dos mortais (89/100, R$ 169,90). evino.com.br
Brasil
Casa Valduga (Rio Grande do Sul)
A vinícola do Vale dos Vinhedos, vizinho a Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, conta com belos tintos (com o Storia, um rico Merlot) e uma ampla gama de atraentes espumantes. Milita neste último departamento o 130, um belo Brut, corte de Pinot Noir e Chardonnay, lançado em 2005 para comemorar os 130 anos de existência da adega. A ele se agregam agora dois novos 130: o Blanc de Blancs, um Chardonnay, e o Blanc de Noir, um Pinot Noir.
130 Blanc de Blancs Brut – Após a segunda fermentação na garrafa, na qual ganha as borbulhas, o vinho repousa na adega por 36 meses em contato com as leveduras para ganhar complexidade. O vinho, limpo e delicado, prima pelo frescor. Frutas brancas e lichia aparecem no nariz e na boca acompanhadas de um tênue tostado, brindando sabor persistente a um paladar cremoso (90/100, R$ 150,66).
130 Blanc de Noirs Brut – Tem o mesmo tempo de amadurecimento: três anos. Mostra reflexos âmbar. Está também marcado pela fruta (maçã) e o leve toque tostado. Mostra-se um pouco mais estruturado, mas com idêntica textura, dada por uma efervescência fina e elegante (91/100, R$ 150,66).
Feito o registro das novidades, porém, não posso deixar de lado o irmão mais velho, o original 130 que, degustado às cegas lado a lado com a nova dupla, teve desempenho similar e, de quebra, custa bem menos (R$ 114,13). Todos à venda na Valduga. casavalduga.com.br
Espanha
Grupo Muriel (Rioja)
A empresa é dona de uma pequena coleção de adegas na Rioja, no centro norte da Espanha, berço secular de alguns dos melhores rubros do país. Entre elas estão a própria Viña Muriel, Eguía, Marques de Elciego e a Ollauri. Pertence também a Muriel a Real Compañia de Vinos, que elabora seus goles em outros terrenos ibéricos, como Castilla La Mancha, e tem em seu repertório tintos interessantes.
Real Compañia de Vinos Tempranillo 2015 – Rainha em terras ibéricas, a Tempranillo dá forma a um vinho de corpo médio e bom conteúdo de fruta (no qual predomina a framboesa), que, com a ajuda de um toque de especiaria, preenche um paladar equilibrado, redondo e saboroso.
Real Compañia de Vinos Garnacha 2015 – Igualmente concentrado, tem taninos finos e boa acidez. Marcado por pinceladas de geleia e groselha, é um tinto intenso e prazeroso do início ao fim (ambos 89/100, R$ 56). Winebrands. winebrands.com.br.
Viña Almirante (Rias Baixas)
A Viña Almirante é uma sociedade cooperativa de Portas, ao norte de Vigo, na Galícia, canto noroeste do país. Ela reúne cerca de 35 hectares de vinhas de Albariño, estrela da região e surpreende com brancos densos e frutados, como este.
Pionero Maccerato Albariño 2015 – Antes de ser prensadas, as uvas maceraram à baixa temperatura para extrair componentes aromáticos das peles. Frutas tropicais maduras (manga, carambola) marcam esse vinho de bom corpo e paladar vivaz, com longo final frutado (90/100, R$ 88). Bodegas de los Andes. bodegas.com.br
Honorio Rubio (Rioja)
Adega familiar que nasceu dedicada à elaboração de vinhos para ser vendidos a granel. Os Rubio começaram a engarrafar e comercializar com rótulo próprio em 1989. A casa tem bons tintos, mas se destaca pelos brancos maduros, um prato cheio para quem gosta de vinhos marcados pela pátina do tempo.
Edición Limitada Lias Finas 2011 – Elaborado com uvas Viura maceradas a frio antes da prensagem. Após a fermentação, repousa em contato com as borras finas por dez meses em tanque e por seis meses em barricas de carvalho francês. A mágica restante fica por conta do estágio na garrafa. Folhas secas, abricó e firmes pinceladas tostado-minerais dão vida a um paladar untuoso, sustentado por uma bela acidez, complexo e muito persistente (92/100, R$ 95,80). bodegas.com.br